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Quando uma mulher que não quer ter filhos suspeita que está grávida, pode ficar muito sensível, já que esta suspeita pode assustar e causar pânico

Um homem, com certeza, nunca vai entender o desespero que uma mulher que não deseja engravidar sente quando a menstruação não chega como o esperado. Na mesma hora elas já começam a relacionar possíveis sinais de gravidez, imaginar o que ela fez de errado e pensar em como pode ser o futuro com um criança não planejada. Entretanto, mesmo sem entender direito como é este sentimento, é possível do parceiro ajudá-la.

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Entender que sinais de gravidez podem afetar muito uma mulher que não deseja uma gestação é primeiro passo para ajudar
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Entender que sinais de gravidez podem afetar muito uma mulher que não deseja uma gestação é primeiro passo para ajudar

Claro que o homem que não deseja ter um filho vai ficar assustado com a possibilidade da parceira estar grávida , mas é preciso entender que para a mulher é diferente porque é ela quem vai carregar a criança e sofrer todas as mudanças físicas com a gestação.  Sabendo disso, antes de procurar os sinais de gravidez , é preciso entender como funciona a menstruação para ajudar a parceira.

O que é a menstruação

Nós já aprendemos isto na escola e, quem convive com uma mulher em casa, sabe que todo mês o organismo da mulher se prepara para receber uma criança. Quando isso não acontece, tudo o que foi formado no útero para receber o embrião sai na forma de menstruação pela vagina.

O primeiro dia que “desce” a menstruação é também o primeiro dia do ciclo menstrual da mulher. É quando se inicia a fase em que todo o material formado no endométrio que não foi usado no mês anterior é jogado fora pelo organismo. Depois disso, a mulher passa a receber novos estímulos hormonais, e o endométrio volta a crescer para que possa receber, eventualmente, um embrião.

Endométrio é o responsável por preparar o útero para o recebimento de uma criança no organismo da mulher
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Endométrio é o responsável por preparar o útero para o recebimento de uma criança no organismo da mulher

No 14º dia, mais ou menos, ocorre a ovulação. Se isso acontecer, em mais ou menos 14 novos dias, chegando ao 28º dia do ciclo, se inicia uma nova menstruação, caso uma gravidez não tenha acontecido. Essa quantidade de dias, entretanto, pode variar de mulher para mulher, então o ciclo pode ser tanto mais curto quanto mais longo.

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De acordo com a ginecologista Bárbara Murayama, do Hospital 9 de Julho, de São Paulo, o ciclo costuma variar entre 26 dias e pouco mais de 30, mas há um padrão que é esperado para cada mulher. Por exemplo, sua mãe pode ter um ciclo que dura 27 dias, enquanto sua namorada tem um ciclo mais longo, de 32 dias, costuma haver uma periodicidade.

Não desceu

Não só uma gravidez pode fazer com que a mulher não menstrue. Uma atividade física mais intensa, alguns medicamentos, problemas de saúde, ganho ou perda de peso intensos e até estresse podem fazer com que a menstruação atrase. Se pular um mês, então, a mulher já deve ficar atenta porque algo pode estar errado.

É preciso entender que, se alguma coisa aconteceu no período de ovulação e a mulher não ovulou corretamente, isso vai interferir na menstruação também. Sendo assim, uma coisa que aconteceu semanas atrás pode ter reflexo nos dias de hoje porque o preparo do endométrio não ocorreu da forma adequada.

A ginecologista também cita a Síndrome do Ovário Policístico como um dos fatores que podem interromper a menstruação momentaneamente. O distúrbio hormonal gera aumento da testosterona, hormônio masculino, e diminuição do estrogênio e da progesterona, que são importantes para o ciclo menstrual.

Entretanto, se a menstruação não vier por três meses seguidos, já é mais preocupante. “Menos que isso é mais um período de observação. De qualquer forma, sempre a primeira investigação é se a mulher está grávida. Se não estiver, depois a gente vê como está a tireóide e se há aumento do hormônio prolactina, que pode aumentar com uso de alguns medicamentos ou até com excesso de estímulos nas mamas”, explica Bárbara. A história clínica da paciente, peso, hábitos de vida e outras hipóteses também são consideradas na consulta com um especialista. 

Sinais de gravidez

Mulheres podem confundir sintomas da TPM com sinais de gravidez, e isso pode gerar verdadeiro pânico nelas mesmas
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Mulheres podem confundir sintomas da TPM com sinais de gravidez, e isso pode gerar verdadeiro pânico nelas mesmas

O primeiro e mais conhecido sinal de uma gestação é a falta de menstruação, mas há outros sinais de gravidez que podem atingir uma mulher, como cansaço, incômodo nas mamas, enjoo, intestino preguiçoso e inchaço na barriga. A ginecologista explica, entretanto, que varia muito de cada mulher, já que algumas podem não ter sintoma algum da gravidez.

Só que algo muito importante a se falar é que estes mesmos sintomas – o cansaço, o incômodo nas mamas, o enjoo, o intestino preguiçoso e o inchaço – também são sintomas que as mulheres podem sentir quando a menstruação está apenas atrasada. Ela pode ter estes mesmos “sinais de gravidez”, mas a menstruação vir dentro de alguns dias. De qualquer forma, Bárbara aconselha ficar de olho nisso tudo, já que se for preciso consultar um especialista é necessário que a mulher fale o que está sentindo.

Se vocês realmente acreditam que é possível uma gravidez, no caso de terem feito sexo sem proteção, por exemplo, existe a possibilidade do teste de farmácia. O único problema é que a mulher pode ainda não estar na fase da gravidez que vai indicar o sinal positivo. Pode, então, dar negativo mesmo com a mulher estando grávida se for muito cedo.

“É mais interessante procurar um médico, porque geralmente as mulheres ficam mais ansiosas quando isso acontece, e a consulta pode ajudá-las a ficarem mais calmas. Com uma conversa com o especialista, o casal pode tirar todas as dúvidas”, explica Bárbara. 

Maior risco de gravidez

O casal também deve pensar no que fez no último mês para saber se a chance da mulher estar grávida é realmente alta. Se você usaram um método contraceptivo seguro da forma correta, dificilmente ela estará esperando um bebê. A pílula, o DIU e a própria camisinha são exemplos de métodos que têm uma falha muito pequena desde que usados adequadamente.

“Mas não adianta indicar um método seguro para uma pessoa que não vai usar da forma correta. Na hora de procurar um médico para isso, é preciso ser bem honesta com ele, sobre o que vai dar certo e o que pode não dar. E se for experimentar um método, e ver que ele não funcionou direito – apostar na pílula e ver que não está conseguindo tomar todos os dias no horário certo, por exemplo –, é preciso procurar outra alternativa”, alerta a ginecologista Bárbara Murayama.

Hoje, alguns casais ainda usam a tabelinha como forma de evitar uma gravidez. Há também a ideia do coito interrompido, que é muito arriscada já que aquele líquido que sai para limpar o canal do pênis pode levar junto com ele esperma de relações passadas, e até aplicativos que são usados para saber se a mulher esta ovulando ou não, mas estes não valem a pena para casais que não querem de jeito nenhum ter um filho.

E se ouve contato entre as partes íntimas, mesmo que sem penetração, também pode ocorrer a gravidez. Claro que esse caso é mais raro, mas como o esperma é líquido e vai estar em contato com um vagina que pode também estar lubrificada, é possível que o espermatozóide chegue até o canal vaginal. “O ideal é que se for ter ‘rala e rola’, se for encontrar o genital, que se use a camisinha, até para se proteger de doenças mesmo.”

Apoio

Enquanto ainda não há uma confirmação da situação, tente agradá-la, para que não fique pensando apenas neste assunto
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Enquanto ainda não há uma confirmação da situação, tente agradá-la, para que não fique pensando apenas neste assunto

Independentemente de gravidez ou não, o que a mulher precisa na hora que os sinais de gravidez começam a surgir é de apoio. Ela sabe o que está sentindo, e mesmo que para o parceiro pareça loucura toda a preocupação é preciso saber escutar o que a parceira tem a dizer.

Não adianta dizer apenas que pode ser estresse ou uma atividade física mais intensa, por exemplo. Saber essas informações vão te ajudar a entender melhor pelo que a mulher esta passando, mas bancar o “entendedor de questões femininas” pode piorar ainda mais a situação. Ela sabe o que esta sentindo, então o medo e a ansiedade são reais.

O que você pode fazer é apoiá-la e tentar acalmá-la com as coisas que você sabe que ela gosta. Convidar para um passeio especial, preparar uma surpresa e fazer com que ela pare de pensar naquele assunto, que, com certeza, já não sai da cabeça dela nos momentos em que esta sozinha. Neste caso, não há como adiantar o tempo. É preciso esperar que a menstruação venha ou o tempo certo de fazer os exames ou procurar um médico.

“E quanto mais o homem participar, até ir junto na consulto, mais desmistificadas ficam essas questões. O homem estar junto é importante. Muitas pacientes minhas sentem falta disso, do homem mostrar interesse e participar. Isso fortalece o relacionamento”, completa a especialista.

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E claro, se os sinais de gravidez forem reais, e realmente a parceira estiver grávida, mais do que nunca ela vai precisar de apoio. Muitas vezes o filho não foi planejado, e a família também não vai apoiar, então é responsabilidade do parceiro, que esteve junto na hora de fazer o filho, assumir mais essa responsabilidade. Na hora do positivo, o casal não se torna apenas pai e mãe, mas também o apoio de um para o outro. Não adianta fugir.

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