"Tudo o que faz com o filho é importante", diz pai sobre compartilhar tradição
Milton Muraoka é descendente de orientais e desde muito novo, no interior do estado de São Paulo, aprendeu a tradição de fazer sushi com seus pais: “Quando meus pais iam fazer sushi, eles já iam falando para dividirmos as atividades, ir cortando os legumes”.
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Anos depois, pai de três filhos – um de 22, e outros de 7 e 9 anos – Milton já passou os ensinamentos desta tradição milenar para o mais velho – Lucas Massao – e todas as vezes que vai fazer a comida típica japonesa, chama as duas crianças para ajudar
“Pelo fato de ser oriental, existe essa passagem de bastão . A doutrina é que tudo que se faça, faça em família ”, explica Milton sobre a cultura japonesa. Para ele, isso não é difícil: “É instinto da criança se aproximar quando estão fazendo algo na cozinha”.
Ele então, segue o que seu pai fez com ele: vai ensinando aos poucos o passo a passo do preparo do sushi para seus herdeiros. Primeiro separar e cortar o legume, depois, como se faz o cozimento e a maneira de enrolar a iguaria japonesa. “ O tempero é o principal, por isso é passado só depois”.
“Tudo o que você faz com o seu pai e o seu filho é importante. Tudo soma ao relacionamento ”, diz Milton. Ele acredita que os hábitos do dia-a-dia são ainda mais importantes. Para a família, se reunir para preparar sushi é muito mais comum do que uma atividade de lazer, praticada apenas aos finais de semana, por exemplo. “Se todo mundo colabora, a comida sai mais rápido!”, brinca.
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E tradição não para por aí, Lucas Massao, filho mais velho de Milton, lembra muito bem de outra etapa anterior ao preparo do prato – a pescaria: “Virou meio que um ritual: acordar bem cedo, descer até a praia, pescar, voltar e preparar os peixes”.
“Nós sempre tivemos uma relação um pouco distante. Ele passava muito tempo trabalhando e eu o via poucas vezes por semana. Mesmo assim, eu sempre senti, e ainda sinto, que ele confia muito em mim”, conta Lucas sobre a importância deste hábito. Para ele, estes pequenos momentos juntos foram essenciais para a criação do vínculo entre pai e filho.
Mas além de ser importante para a relação com o pai, Lucas acredita que as tradições são fundamentais para resgatar suas origens orientais: “Não me deixa esquecer quem eu sou e de onde eu vim. Se eu perco essas pequenas coisas, estou deixando lembranças muito queridas para trás e esquecendo todo os esforços que a minha família fez para garantir que chegasse onde estou”.