Existem três tipos de absorvente interno: a esponja, pouco utilizada no Brasil, o absorvente interno tradicional e o coletor menstrual, conhecido como “copinho”. O tamanho do absorvente interno tradicional vai variar conforme o fluxo da menstruação, e o modelo do copinho também varia de acordo com o fluxo e a maturidade do corpo.
Bárbara explica que, teoricamente, meninas que ainda não tiveram relação sexual podem usar esses modelos. No entanto, não são indicados para a primeira menstruação porque ela ainda está conhecendo o próprio corpo e entendendo como ele funciona. Provavelmente, ela terá dificuldade para colocar e pode até se machucar. Esses modelos devem ser deixados para os próximos anos.
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Pai precisa entender que aquela menininha vai crescer e passar por muitas mudanças no corpo, precisando da ajuda dele
Alguns dias antes da menstruação, é muito comum que as meninas enfrentem a TPM (tensão pré-menstrual), que pode causar mudanças de humor, dor nos seios, irritabilidade e cansaço. Essa tensão acontece devido às alterações hormonais. Se você é pai solteiro de uma garota, prepare-se para encarar esse momento.
“Não existe certo ou errado em como lidar com a TPM, mas é preciso ter empatia
e tentar se colocar no lugar da outra pessoa para entender o que acontece”, diz Bárbara. É muito importante não tratar a TPM como uma "frescura", mas sim como um evento fisiológico que acontece no corpo feminino.
Esqueça piadinhas e brincadeiras que podem deixar sua filha ainda mais irritada, você deve mostrar que está presente para acolher e ajudá-la a lidar com essas mudanças. “Acolhimento e carinho é o que a gente espera do sexo oposto”, afirma. A ginecologista sugere que os pais perguntem às filhas o que eles podem fazer para que se sintam melhor. Muitas vezes, um abraço ou um carinho vão soar como uma grande ajuda.
Além de exercer a empatia, é preciso estar atento a como esses sintomas se manifestam. De acordo com Bárbara, quando eles ficam fortes demais e começam a atrapalhar a rotina da garota, causando problemas na família ou na escola, é hora de procurar um tratamento e acompanhamento médico.
Mudanças no corpo
Bárbara explica que perto dos oito ou nove anos de idade, ainda antes da menstruação, começam a surgir algumas mudanças no corpo como consequência da estimulação hormonal. A cintura afina, há um estirão de crescimento e os seios começam a se desenvolver, o que pode causar bastante dor às meninas. O uso do sutiã pode dar maior sustetanção e segurança para a garota, principalmente os mais simples e básicos, que não machucam como os com bojo e ferrinhos.
Começam a surgir também os pelos nas pernas, axila e na região íntima. No caso de Jessica, ela logo quis raspar, mas Leôncio foi contra. “Ele achava que eu era nova, que não tinha necessidade. O mesmo valia para maquiagem, mas eu era adolescente e queria fazer tudo isso.”
Nesse momento, é interessante conversar sobre como ela está percebendo essas mudanças e o que quer fazer em relação a elas, se quer ou não tirar os pelos, por exemplo, e por que quer fazer isso, sempre em tom de conversa. É interessante procurar uma dermatologista para entender se é realmente necessário depilar e qual a melhor forma de fazer isso.
Junto com as mudanças na aparência, o interesse sexual também começa a fazer parte da vida das meninas, para desespero de muito pai coruja por aí. Bárbara explica que não há uma regra de como um pai de menina pode falar sobre o tema com a filha, mas existe a certeza de que o diálogo é o caminho. “Observar, mostrar interesse e conhecer os hábitos dela faz você perceber o momento certo de introduzir esse assunto”, recomenda.
Relacionamentos
A abertura para o diálogo e para que Jessica pudesse falar sobre tudo foi de extrema importância para o relacionamento dela com o pai. Claro que algumas coisas a deixavam um pouco envergonhada, mas mesmo que ele não concordasse com a opinião dela, a ouvia antes de qualquer coisa.
Foi assim que aconteceu quando Jessica começou a namorar pela primeira vez. Leoncio acreditava que a filha deveria ter outras prioridades, mas nunca deixou de ouví-la. “Moramos juntos até meus 21 anos. Quando eu fiz 18, ele me deu minha ‘carta de alforria’”, brinca a filha. “Ele me disse ‘olha, você tem 18 anos agora, é livre pra fazer o que quiser, mas não se esqueça que o amanhã vem. E quando o amanha chegar, e você se der conta do que você fez, pode se arrepender bastante’. Ele não me julgava, apenas pedia que eu tomasse muito cuidado com as coisas.”
Foto: Arquivo pessoal
Jessica Oliveira, o pai e os outros dois filhos de Leoncio antes dele se mudar para os Estados Unidos
O fato de Leôncio ser receptivo com as ideias e também problemas de Jessica fez, segundo a própria filha, total diferença. Hoje, os dois não moram mais juntos. Há três anos, ele se mudou com a atual esposa para os Estados Unidos, mas, mesmo assim, pai e filha não desistem da relação. “Toda essa abertura, apoio, força só reforçaram o laço que tínhamos desde antes. Ele também tem uma empatia muito grande comigo. Se colocava no meu lugar mesmo com pensamentos diferentes. Tem coisas que eu só quero contar para ele.”
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Hoje, aos 25 anos, Jessica sente falta de morar com o pai. Ela ainda queria ser criada por Leôncio, mas sabe que as coisas mudam. Felizmente, mesmo com a distância, eles ainda mantém uma relação boa. Para cada pai de menina que está lendo esta matéria, o que ela aconselha é que eles sejam sempre receptivos e abertos com as próprias filhas.