
Quando se fala em HPV, a maioria das pessoas ainda associa o vírus exclusivamente ao câncer do colo do útero e por esse motivo o tema passa despercebido pela população masculina.
Porém, o HPV também afeta homens e pode ser responsável por tumores graves, como câncer de pênis, canal anal e orofaringe.
Durante o mês de novembro os holofotes ficam direcionados para a campanha do “Novembro Azul” , que conscientiza sobre o câncer de próstata, entretanto, o mês também deveria ser visto como uma oportunidade para ampliar o debate sobre a saúde integral do homem.
É o que afirma um artigo do Fernando Maluf, médico oncologista, cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, publicado na Agência Aids.
Ele afirma que um levantamento recente aponta que 64% dos homens brasileiros não sabem que o HPV pode causar câncer.
E dentre esses números, metade acredita, de forma equivocada, que o uso do preservativo é suficiente para impedir a infecção. No entanto, o vírus também pode ser transmitido pelo contato direto pele a pele, mesmo quando a camisinha é utilizada.
Diante desse cenário, a vacinação se tornou a principal estratégia de prevenção. A vacina é segura, eficaz e disponibilizada gratuitamente pelo SUS, especialmente para meninos de 9 a 14 anos.
Nos últimos anos, o país retomou índices importantes de vacinação entre meninas, mas esse avanço não se repete entre os rapazes. Essa baixa adesão masculina cria uma lacuna preocupante, que afeta tanto a proteção individual quanto o controle de doenças provocadas pelo HPV.
Com isso, a informação precisa ser divulgada de maneira clara. Homens e suas famílias precisam entender que a prevenção contra o vírus faz parte dos cuidados essenciais com a saúde, assim como a realização de exames de rotina e a adoção de hábitos saudáveis.
Maluf ainda afirma que a vacinação de meninos e meninas representa um ato de responsabilidade coletiva e ajuda a evitar tumores que, quando identificados tardiamente, provocam impactos severos na qualidade de vida.
Ele ainda destaca que o Novembro Azul pode e deve servir como ponto de partida para ampliar esse debate. E afirma que falar sobre o câncer de próstata é fundamental, mas não suficiente.
Segundo o especialista, é necessário incluir nesse debate todos os riscos que afetam a saúde masculina e lembrar que a prevenção é sempre o caminho mais eficaz. E quanto mais cedo essa consciência se tornar parte da rotina, maior será a chance de reduzir o número de casos de câncer associados ao HPV nas próximas décadas.