"Tem muitos homens que se escondem da família, usam as roupas das esposas escondido com medo delas acabarem com o relacionamento", fala Max Costa, que trocou as roupas masculinas por saias, vestidos e salto alto
Mecânico de veículos há 18 anos, segurança, modelo e heterossexual. Max Costa tem um perfil bem convencional, mas a forma como ele se veste é o que chama atenção e quebra paradigmas. Calças, bermudas, camisetas e tênis dão espaço a vestidos, saias, tops e até salto alto. É assim que vive um crossdresser.
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Por volta dos 10 anos, Max começou a usar roupas femininas escondido e morria de medo que alguém o descobrisse. Em nenhum momento da vida ele se questionou sobre sua sexualidade, pois sempre soube que sentia atração física por mulheres. Só depois de muito tempo entendeu que na verdade era um crossdresser .
“Esse termo é usado para o homem que gosta de se vestir de mulher, mas é heterossexual. Pode ser casado ou não, ter filhos ou não. Tem muitos crossdressers que se escondem da família e usam as roupas das esposas escondido com medo delas acabarem com o relacionamento”, explica o mecânico.
Descoberta e aceitação
Conforme o tempo foi passando, a vontade de usar peças de roupas femininas foi aumentando e as pessoas acabaram descobrindo. Max não se preocupou, pois estava cansando de fingir ser alguém que não era.
“Na época, fui debochado e ridicularizado por um primo, que começou a falar de mim pelas costas, um ato de covardia e falta de caráter. Já meus pais, nunca aceitaram que eu ficasse vestido de mulher na frente deles e eu respeito”, conta Max.
Lidando com o preconceito
Os motivos que levam muitos homens a se esconderem, na visão do mecânico, é a hipocrisia e o preconceito das pessoas, atitudes que podem prejudicar tanto a vida social quanto a profissional. Max conta que entende a situação, pois sempre escuta piadinhas ou insinuações de que ele é homossexual .
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“O preconceito com absoluta certeza existe. Depois que deixei os pudores de lado e passei a me vestir com roupas femininas, muitas pessoas passaram a fingir que não me conhecem quando me encontram na rua”, afirma o mecânico.
Os boatos logo chegaram à empresa onde ele trabalha, mas como o mecânico usa uniforme, ninguém acreditou no início. Mesmo assim, sempre que ele chegava, os colegas ficavam em silêncio. Todos curiosos para saber se aquela história era verdadeira, porém tinham medo de perguntar.
Já na academia , ele podia escolher o que vestir e começou a ir malhar de top e calça legging. “No começo as pessoas assustaram, mas depois foram se acostumando. A reação dos novatos ainda é engraçada, eles estranham e ficam com uma cara do tipo: será que só eu que estou vendo isso? É uma pegadinha?”, relata Max aos risos.
Amor além da roupa
Atualmente, o mecânico está solteiro . Ele conta que algumas mulheres aceitam o fato dele gostar de se vestir com roupas femininas, já outras tentam mudar isso e pedem para que use apenas roupas masculinas, e claro que o pedido não é atendido.
Max gosta mesmo de se vestir como mulher, inclusive confessa que além de saias, vestidos e tops, também gosta de usar calcinha e sutiã . Em contra partida, revela que não se relacionaria com uma mulher que gostasse de se vestir como homem, pois prefere o estilo feminina.
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O crossdresser garante que não liga para a opinião alheia e deixa um recado para as pessoas presas a estereótipos: “Não julguem sem conhecimento e só pela aparência. Converse, troque uma ideia com a pessoa e aceite que existem diversidades em todos os lugares”.