Tamanho do dedo indicador é um risco? Existe outro exame que não seja o de toque? Pode andar de moto? Especialista responde essas e outras dúvidas
O câncer está entre as doenças que mais assustam a população e não é para menos. Segundo informações da Organização Mundial da Saúde, até 2030 a estimativa é de 27 milhões de casos novos, 17 milhões de mortes e 75 milhões de pessoas convivendo com o problema. Alguns tipos da doença têm registrado queda, mas outros – como o câncer de próstata – têm só aumentado à incidência.
Leia também: Tratar calvície pode ajudar na prevenção do câncer, diz estudo
O grande problema é que ainda existe muito preconceito e o exame do toque, que é a maneira ideal para identificar a doença, é visto como algo que fere a masculinidade (uma grande besteira, diga-se de passagem!) e isso dificulta descobrir o câncer de próstata ainda no início.
“Descobrir a doença em estágio inicial é fundamental para o tratamento da mesma. Estudos mostram que o diagnóstico precoce é garantia de sucesso no tratamento de nove em cada 10 pacientes”, explica Adagmar Andriolo, patologista clínico da Escola Paulista de Medicina da Unifesp.
Mito ou verdade?
Fora isso, há muitas informações que são disseminadas e não são verdadeiras. Para acabar com as dúvidas, o especialista desvenda os mitos e verdades sobre a doença.
1. Tamanho do dedo indicador revela o risco desse câncer
VERDADE! De acordo com o patologista, o dedo indicador mais longo do que o anelar indica que o homem tem 33% a menos de chance de desenvolver a doença. Pode parecer lenda, mas há explicação. O tamanho do dedo indicador está inversamente relacionado à exposição de testosterona intra-útero e estudos apontam que os níveis mais baixos de testosterona antes do nascimento protegem contra essa doença.
2. Já existe exame que elimina a necessidade do toque retal
MITO! O famoso exame de toque retal ainda é considerado, em todo o mundo, algo fundamental na detecção da doença. Os homens devem realizar o exame anualmente a partir dos 50 anos, entretanto, Andriolo ressalta que quem tem histórico na família deve procurar um urologista um pouco antes, aos 45 anos.
3. Câncer de mama é o de maior incidência no Brasil
MITO! Os dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indicam que o câncer de maior incidência no país é o de pele e que o segundo é o de próstata. O de mama aparece em terceiro lugar, seguido de cólon e reto. E, depois, pulmão e brônquios.
Leia também: Homens altos ou acima do peso podem ter câncer na próstata agressivo, diz estudo
4. PSA alterado indica câncer de próstata
MITO! O especialista diz que, no Brasil, além do toque retal, é usado outro exame para diagnosticar a doença. Esse exame detecta a dosagem de antígeno prostático específico (PSA), uma enzima naturalmente produzida pelo corpo. “No entanto, alterações na concentração desse antígeno podem estar associadas a outras enfermidades, como inflamação e infecção da próstata”, alerta. Então não se assuste se der alteração, muitos homens são submetidos a biópsias sem necessidade.
5. Andar de moto, bicicleta e até atividades sexuais devem ser evitadas antes de colher sangue para fazer a dosagem do PSA
VERDADE! Todas essas atividades podem, sim, elevar a concentração do PSA total no sangue, podendo causar alteração nos resultados, comprometendo a interpretação do médico. Por isso, evite essas atividades por um período de 48 a 72 horas antes de fazer o exame.
6. A próstata sempre aumenta quando o homem vai ficando mais velho e isso não quer dizer que ele está com câncer
VERDADE! “Isso acontece pela diminuição da produção do hormônio masculino, a testosterona, provocada pela idade. Quando isso acontece, ocorre o que chamamos de hiperplasia benigna da próstata, ou seja, o aumento da glândula”, coloca o patologista. Esse aumento não está relacionado a nenhuma doença, é apenas uma situação fisiológica.
Leia também: Homens relatam a experiência de levar uma "dedada" no ânus na hora do sexo
7. A prática do sexo anal propicia o câncer na região da próstata
MITO! “O sexo anal pode provocar, sim, um trauma na próstata. Não há, no entanto, nenhuma relação com o aparecimento do câncer de próstata ou de qualquer outra doença”, finaliza o especialista.