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"Enquanto alguns viam TV Globinho, meu programa favorito era ver Sexy Hot quando não tinha ninguém em casa. Com uns 5 anos descobri o que eram os gemidos que eu ouvia e o que as pessoas faziam peladas", conta Fabrício

Enquanto muitas crianças brincavam na rua e assistiam a desenho, o professor de história Fabrício Ferreira Santos, de 23 anos, teve uma infância diferente: ele morava nas dependências de um motel. As lembranças dessa época são as mais variadas. Ele ouvia gemidos, assistia a filmes pornôs, chegou a presenciar a morte de um cliente que estava tendo um caso com a comadre e a sofrer uma tentativa de assassinato. O jovem resolveu contar essas e outras histórias no Twitter e, claro, viralizou.

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Fabrício Ferreira morou nas dependências de um motel e teve uma infância diferente da maioria das crianças
Arquivo pessoal
Fabrício Ferreira morou nas dependências de um motel e teve uma infância diferente da maioria das crianças


Em um bate-papo com o Deles , o professor conta que o motel surgiu em sua família por conta da coragem da avó. “Ela morava no interior do Paraná, era casada com o pai do meu tio mais velho e eles tinham um relacionamento extremamente abusivo. A vovó foi juntando uma ‘grana’ para fugir de casa porque ela apanhava muito dele.”

O então marido da avó de Fabrício dizia que se ela fugisse ele iria atrás dela, por isso, quando finalmente conseguiu o dinheiro, a matriarca da família foi até a rodoviária e pediu uma passagem para o destino mais longe que tivesse e acabou seguindo viagem para Belém do Pará. O jovem diz que chegando ao norte do país, a avó fez trabalhos como modelo, gravou comerciais de televisão e se prostituiu para conseguir juntar dinheiro e abrir um motel sozinha.

A vovó teve mais três filhos de pais diferentes e foi mãe solteira de todos. Ela já faleceu, mas o motel continua aqui, esse é seu legado

O estabelecimento surgiu na década de 1970 e foi fundamental para a família. “Aqui em Belém, a vovó teve mais três filhos de pais diferentes e foi mãe solteira de todos. Ela já faleceu, mas o motel continua aqui, esse é seu legado. Minha família sempre morou nas dependências, não nos quartos do motel em si, mas no mesmo terreno porque ninguém tinha dinheiro para comprar outra casa”, comenta.

Mesmo possuindo um lar diferente do convencional, o professor garante que não chegou a ser excluído por isso. “Existiu um preconceito velado, mas eu não falava muito disso no colégio, principalmente em um evangélico que estudei por três anos, pois tinha medo de sofrer preconceito lá porque já que eu já sofria por ser homossexual. No geral, o pessoal ficava curioso porque jovem acha interessante essa questão da sexualidade.”

Infância no motel não foi prejudicada

Fabrício não sente que deixou de ser criança por ter crescido em um motel, mas diz que aprendeu cedo o que era o sexo
Arquivo pessoal
Fabrício não sente que deixou de ser criança por ter crescido em um motel, mas diz que aprendeu cedo o que era o sexo


A infância de Fabrício realmente foi diferente, mas ele não sente que perdeu ou pulou essa fase da vida. “Eu me perguntava quantas outras crianças no Brasil moram em um motel, foi diferente sim, mas não deixei de ser criança. Não acho que perdi a inocência cedo demais ou algo do tipo, pois acredito que deveria ser normal falar sobre sexualidade na infância, já que a curiosidade existe”, afirma.

Por outro lado, ele reconhece que por conta do empreendimento da família acabou tendo um contato precoce com o sexo . “Eu realmente aprendi sobre sexualidade muito mais cedo do que a maioria das crianças, mas acho que isso mais me ajudou do que atrapalhou”, enfatiza.

Algumas situações eram confusas para uma criança entender, mas poder falar abertamente sobre o que via e ouvia ajudou Fabrício a tratar tudo isso com naturalidade. “Eu soube o que era um pornô muito cedo, mas depois descobri que o sexo real não é daquele jeito, é bem diferente. Também lembro de ouvir gemidos quando era criança e ia correlacionando todas esses situações enquanto minha mãe e minha avó iam me explicando o que as pessoas estavam fazendo nos quartos.”

Situações mais marcantes da vida no motel 

No motel, Fabrício viveu diversos tipos de situação e uma das mais marcantes foi presenciar uma morte no local
Reprodução/Instagram
No motel, Fabrício viveu diversos tipos de situação e uma das mais marcantes foi presenciar uma morte no local


De todas as situações vividas no estabelecimento da família, a mais marcante para o professor foi quando um homem sofreu um infarto nas dependências do local e ele teve que ajudar a avó a colocá-lo dentro do carro e correr para o hospital. “Eu era muito novo, tinha uns 12 anos na época. A mulher que estava com cara que teve o infarto era a comadre dele, ela estava desesperada, chorando, gritando. Isso me marcou bastante”, conta.

As pessoas têm interesse em saber o que rola em motel e a maior parte da minha vida foi dentro de um

Fabrício diz que viveu uma outra situação também marcante quando era mais novo.

“Uma mulher tentou me matar com um gargalo de garrafa quando eu fui levar um salgadinho para ela. Essa é uma das lembranças mais vívidas que eu tenho da minha infância no motel”, fala.

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Histórias dos bastidores do motel estão bombando no Twitter

As histórias que Fabrício contou sobre o motel que fica em Belém do Pará fizeram sucesso no Twitter
Arquivo pessoal
As histórias que Fabrício contou sobre o motel que fica em Belém do Pará fizeram sucesso no Twitter

Com tantas histórias diferentes para contar, o jovem foi incentivado pelos amigos a detalhar o que já tinha vivido e presenciado no Twitter. No começou ele resistiu, mas de forma despretensiosa resolveu revelar as histórias mais marcantes.

“Não imaginei que teria essa repercussão, teve até uns desentendimentos familiares porque estou expondo essas coisas, teve coisa que eu não poderia ter escrito, então tive que apagar (risos). Aqui em Belém as pessoas estão me parando, pedindo foto. Acho que isso está acontecendo porque as pessoas têm interesse em saber o que rola em motel e a maior parte da minha vida foi dentro de um”, diz o professor.

Quer saber mais dos bastidores do local? Então confira as principais histórias que Fabrício divulgou no Twitter e já somam mais de 28 mil curtidas: 

1. Saliência era o nome dado pela minha vó a sexo. Sempre ouvi altos gemidos pelo corredor desde novinho, mas só descobri o que era sexo a partir da interferência do sinal dos canais pornôs na TV de casa. Enquanto alguns viam TV Globinho, meu programa favorito era ver Sexy Hot quando não tinha ninguém em casa. Com uns 5 anos descobri o que eram os gemidos que eu ouvia e o que as pessoas faziam peladas. Reunia com minhas primas, e ficávamos bestializados na frente da TV.

Com uns 5 anos descobri o que eram os gemidos que eu ouvia e o que as pessoas faziam peladas

2. Com uns 8 anos de idade, estava na gerência enquanto minha mãe trabalhava, uma hóspede tinha pedido um salgado e fui entregar pela porta da recepção. A mulher ‘tava’ drogadona, puxou meu braço e ia me cortar com um gargalo de garrafa, pois ela queria dinheiro. Comecei a gritar, minha mãe me puxou com tudo e começou a chorar abraçada comigo. Esta foi a única tentativa de assassinato que sofri no motel. Amém.

3. Primeira morte da thread: um cara teve um AVC no quarto. Ele era casado e estava acompanhado da comadre. A mulher implorou ‘pra’ minha vó tirar ele de lá, para que não descobrissem o caso deles. Acompanhei minha vó levando esse cara ao hospital. Quando chegamos lá, ele já estava morto. Vovó explicou o que tinha acontecido para o pessoal do hospital e saímos correndo de lá, para não sermos os acompanhantes. Se o caso foi descoberto pela esposa e família, não fazemos ideia.


4. O foragido da polícia: havia um cara que entrou no motel e permaneceu 45 dias sem sair de lá. Ele entrou com a mesma roupa que saiu, com a barba e o cabelo grande demais e não deixava ninguém limpar ou entrar no quarto. Mas o [que foi] realmente estranho ainda está por vir. As prostitutas da BR passaram a negar o pedido de atendê-lo. Segundo elas, ele era macabro demais, imundo e não valia a pena o dinheiro que ele dava a elas, pois o medo delas era maior.

Após 30 dias de permanência, as camareiras convenceram ele a trocar de quarto. Haviam mais de 20 toalhas sujas e 15 lençóis. O banheiro estava só lixo, repleto de vermes (tapuru). As paredes estavam manchada de cuspe, tiveram que ser lavadas com jatos d'água. Ele saiu correndo de lá após ser enquadrado por uma camareira curiosa que interrogou ele em busca de respostas. Não sabemos do que ele estava se escondendo, mas estava extremamente amedrontado e surtado.

Meu pai era cliente do motel e passou a dar em cima da mamãe que trabalhava na gerência até então

5. Papai: meu pai era cliente do motel e passou a dar em cima da mamãe que trabalhava na gerência até então. Ela cedeu e conheceu ele melhor, começaram a namorar e tudo. Só vim ao mundo por causa dos flertes do motel.

6. O cliente favorito das funcionárias: um cara extremamente carente que ia quase todo dia ao local. Ele dava R$ 100 ‘pra’ qualquer funcionária apenas conversar com ele, não tentava ou insinuava nada, era quase uma terapia. Todas amavam ele.

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7. A melhor parte de morar no motel é eu poder comer quando eu quiser. Sempre posso pegar refrigerante e afins, assim como, usar a cozinha do motel que é 24 horas por dia. Meu único empecilho é a mamãe que fica atenta.