Barriga de cerveja: o que ela revela sobre riscos cardíacos?
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Barriga de cerveja: o que ela revela sobre riscos cardíacos?

Um estudo realizado por pesquisadores alemães revelou que quem possui obesidade abdominal, a famosa “barriga de cerveja”, apresenta alterações estruturais no coração, especialmente os homens. 

Os resultados foram apresentados na reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte ( RSNA). A autora principal da pesquisa, Jennifer Erley, do Centro Médico Universitário de Hamburgo-Eppendorf, explica que: 

“A obesidade abdominal, caracterizada por uma alta relação cintura-quadril, está associada a padrões de remodelamento cardíaco mais preocupantes do que o índice de massa corporal (IMC) elevado isoladamente”.

Ela também afirma que esse acúmulo de gordura pode causar um tipo de alteração perigosa no coração, chamada “hipertrofia concêntrica”, que acontece quando o músculo fica mais grosso, mas o tamanho do coração não aumenta de tamanho. 

Com isso, o órgão passa a ter menor volume cardíaco, uma vez que bombeia menos sangue. Segundo a autora do estudo, esse padrão prejudica a capacidade do coração de relaxar adequadamente e eventualmente pode levar à insuficiência cardíaca.


Para realizar o estudo, os pesquisadores avaliaram 2.244 adultos entre 46 e 78 anos (43% mulheres), todos sem histórico de doenças cardíacas. Cada participante passou por exames de ressonância magnética de alta resolução.

De acordo com o IMC, 69% dos homens e 56% das mulheres no estudo estavam com sobrepeso ou obesos. Utilizando a relação cintura-quadril ( RCQ), 91% dos homens e 64% das mulheres atendiam aos critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) para obesidade.

O estudo observou que a obesidade geral, medida pelo IMC, esteve mais ligada ao aumento do tamanho das câmaras cardíacas. Já a obesidade abdominal foi associada ao espessamento do músculo do coração e à diminuição do volume interno dessas câmaras. 

Essas alterações foram mais observadas em homens, principalmente no ventrículo direito, responsável por enviar o sangue aos pulmões. Os pesquisadores apontam que isso pode indicar um estresse cardíaco precoce, relacionado a gordura abdominal que afeta a respiração e a pressão pulmonar.

A obesidade também foi associada a alterações sutis no tecido cardíaco em homens, detectáveis ​​apenas com ressonância magnética cardíaca avançada. O que pode indicar um estresse cardíaco inicial, antes mesmo do aparecimento de sintomas ou de qualquer doença diagnosticável.

As associações se mantiveram mesmo após o ajuste para outros fatores de risco cardiovascular, como hipertensão, tabagismo, diabetes e níveis de colesterol.

“As diferenças específicas de sexo sugerem que os pacientes do sexo masculino podem ser mais vulneráveis ​​aos efeitos estruturais da obesidade no coração, uma descoberta não amplamente relatada em estudos anteriores”, diz Erley.

E complementa: “Em vez de se concentrarem na redução do peso total, os adultos de meia-idade devem se concentrar na prevenção do acúmulo de gordura abdominal por meio de exercícios regulares, uma dieta equilibrada e intervenção médica oportuna, se necessário”.

Ainda segundo Jennifer Erley, o dano cardíaco mais extenso observado em homens pode ser devido ao início precoce de obesidade abdominal mais grave ou ao efeito cardioprotetor do estrogênio em mulheres.

Entretanto, ela ainda ressalta que mais estudos são necessários para confirmar essas hipóteses.

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