Retenção seminal: prática traz benefícios ou é prejudicial?
shutterstock
Retenção seminal: prática traz benefícios ou é prejudicial?

A retenção seminal é a prática de evitar a ejaculação, ação que algumas pessoas acreditam trazer benefícios físicos, emocionais ou espirituais.  Entretanto, as evidências científicas que sustentem essas alegações ainda são muito limitadas. As informações são do Medical News Today.

Essa retenção pode ocorrer por diferentes meios: por abstenção de atividades sexuais, interrupção do ato antes da ejaculação ou mesmo através de técnicas para atingir o orgasmo sem ejacular. 

Embora possa parecer nova, por sua popularidade na internet, é uma prática antiga que se acredita aumentar a energia física e espiritual masculina.

A retenção seminal também é chamada de coito reservado, conservação seminal e continência sexual. Além disso, aparece em diversas tradições e práticas espirituais, como: karezza (italiano), Maithuna (Tantra Hindu), Sahaja (Yoga Hindu), Tantra (no Hinduísmo e no Budismo) cai Yin pu Yang e cai Yang pu Yin (práticas taoístas).

Afinal de contas, a retenção de sêmen é saudável?

De acordo com o Medical News Today, ainda não há evidências científicas suficientes para afirmar se reter o sêmen traz benefícios ou prejuízos à saúde.

Além da escassez de estudos, fatores individuais e determinados contextos tornam difícil classificar essa prática como totalmente saudável ou não saudável.

Mesmo assim, muitas pessoas recorrem à retenção seminal por diferentes motivos. De forma muito individual, alguns relatam possíveis efeitos relacionados a diferentes áreas da vida.

Na saúde mental, mencionam aumento da motivação, mais energia e foco, maior autoconfiança, redução da ansiedade e melhora da memória e da concentração.

Na saúde física, afirmam perceber benefícios como pele mais saudável, elevação dos níveis de testosterona, apoio na perda de peso, ganho de massa muscular, sensação de rejuvenescimento e até alteração para uma voz mais grave.

Já no campo da saúde espiritual, alguns acreditam que a prática favorece um maior senso de propósito, laços emocionais mais fortes ou mais profundos nos relacionamentos e maior sensação de harmonia geral.

No entanto, todas essas percepções são relatos individuais e não há comprovação científica de que esses efeitos ocorram de forma consistente.


Riscos da retenção de sêmen

Embora, em geral, não existam muitos riscos associados à não ejaculação, algumas complicações podem surgir em determinadas situações. A seguir, estão os principais pontos de atenção:

Hipertensão epididimária

Popularmente conhecida como “dor nos testículos”, a hipertensão epididimária pode ocorrer quando a pessoa fica sexualmente excitada, mas não ejacula ou não chega ao orgasmo. 

Nesses casos, pode haver dor ou desconforto devido ao acúmulo de sangue na região. Estudos mais antigos indicam que esse é um quadro comum e inofensivo, especialmente em homens jovens. O alívio costuma vir com a ejaculação ou com a diminuição da excitação.

Problemas de ejaculação

Quando alguém evita ejacular de forma recorrente, pode desenvolver dificuldades relacionadas à ejaculação.

Isso inclui problemas para atingir o orgasmo quando deseja, maior propensão à ejaculação precoce ou até ejaculação retrógrada, condição em que o sêmen, em vez de ser expelido, retorna para a bexiga.

Possíveis benefícios de não ejacular

Entre os possíveis benefícios de não ejacular, estão:

Orgasmos potencialmente mais intensos

Acredita-se que períodos de abstinência sexual possam levar a orgasmos mais intensos. Porém, um pequeno estudo de 2001 indicou que ficar três semanas sem ejacular não provoca mudanças significativas no sistema nervoso no momento do orgasmo.

Edging

O edging consiste no estímulo sexual até perto do orgasmo, antes de interromper a estimulação e retomar em seguida. De acordo com a Sociedade Internacional de Medicina Sexual, essa prática pode intensificar o orgasmo para algumas pessoas.

Possível auxílio no controle da ejaculação precoce

Técnicas semelhantes ao edging, como os métodos de parar e começar, ou de apertar o órgão masculino, podem ajudar quem sofre de ejaculação precoce, pois permitem treinar maior controle sobre o momento da ejaculação.

Aumento da fertilidade

Algumas pessoas acreditam que reter o sêmen melhora a qualidade do esperma, e portanto aumentar a fertilidade. No entanto, existem poucas pesquisas sobre o assunto.

Um estudo antigo sugere que, para obter uma boa amostra de sêmen, bastaria evitar a ejaculação por cerca de um dia. Além disso, a abstinência por mais de 10 dias não é recomendada.

Já outro estudo de 2018, indica que períodos acima de quatro dias podem prejudicar a qualidade dos espermatozoides.

Uma pesquisa de 2015 apontou que ejacular diariamente não causa danos relevantes ao sêmen.

Uma revisão de 2018 propôs atualizar as diretrizes tradicionais (2 a 7 dias de abstinência), indicando que intervalos menores podem até melhorar a qualidade do esperma.

Durante avaliações de fertilidade, é aconselhável que a pessoa realize pelo menos duas análises de sêmen em momentos diferentes.

Benefícios da ejaculação

Alguns dos benefícios da ejaculação podem incluir:

Prazer

Embora algumas pessoas acreditem que a ejaculação possa ser prejudicial à saúde, estudos frequentemente demonstram o contrário. Durante a ejaculação, o corpo libera endorfinas, hormônios capazes de reduzir a dor e gerar sensações de bem-estar.

Bem-estar geral

A atividade sexual frequente, principalmente dentro de relacionamentos estáveis, costuma estar associada a níveis mais altos de bem-estar. Porém, embora muitos estudos analisem o sexo com parceiro, é provável que a masturbação produza efeitos semelhantes. 

Pode ajudar a reduzir o risco de câncer de próstata

Algumas evidências sugerem que uma maior frequência de ejaculação pode estar relacionada a um menor risco de câncer de próstata.

Um estudo de grande escala, com acompanhamento de 10 anos, identificou que homens que ejaculavam cerca de 21 vezes por mês tinham aproximadamente 50% menos chance de desenvolver a doença em comparação com aqueles que ejaculavam de quatro a sete vezes por mês.

Uma revisão mais recente também observou que ejacular cerca de duas a quatro vezes por semana está associado a uma redução significativa no risco.

No entanto, isso não comprova uma relação direta de causa e efeito entre os dois. Podem existir outros fatores ou mecanismos subjacentes em ação que ainda não foram totalmente explorados ou compreendidos.

Quando parar de reter a ejaculação?

A pessoa deve deixar de reter a ejaculação caso sinta dor ou desconforto relacionados à prática, ou se notar dificuldade para ejacular quando deseja.

Se a incapacidade de ejacular persistir, principalmente para quem planeja ter filhos biológicos, é importante buscar orientação médica. Essa condição é conhecida como anejaculação e pode ocorrer devido a:

  • lesão na medula espinhal
  • infecções
  • estresse ou questões psicológicas (anejaculação situacional)
  • lesões ou cirurgias na região pélvica
  • uso de determinados medicamentos, incluindo alguns antidepressivos
  • distúrbios neurológicos


    Comentários
    Clique aqui e deixe seu comentário!
    Mais Recentes