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Segundo pesquisadores da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, o código genético do esperma pode ser afetado pelo uso da droga, mais especificamente pela exposição ao princípio ativo THC (tetraidrocanabinol)

Uma pesquisa conduzida pelo Duke Health, o departamento de saúde da Universidade de Duke, chegou a conclusões alarmantes para os usuários de Cannabis sativa, nome científico da maconha , preocupados com sua fertilidade: além de alterar o sequenciamento genético do DNA do esperma, o tetraidrocanabinol (THC), princípio ativo da droga, pode reduzir a concentração de espermatozóides no líquido seminal.

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A maconha pode alterar o código genético do esperma, podendo levar até mesmo à redução de concentração dele
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A maconha pode alterar o código genético do esperma, podendo levar até mesmo à redução de concentração dele

Basicamente, os pesquisadores procuraram por processos de metilação do DNA do esperma resultantes do consumo de maconha. Esse fenômeno resulta na adição de grupos de metil ao código genético, levando a mudanças na atividade dele sem alterar a sua sequência.

Os resultados foram obtidos utilizando amostras de gametas tanto de humanos como de ratos. Para fazerem a análise, os cientistas compararam o código genético dos espermatozóides de usuários e não usuários, usando como parâmetro as consequências do THC no gameta masculino dos ratos.

Como a maconha afeta o esperma

Ainda não se sabe se as alterações do esperma podem levar a problemas congênitos, mas o achado preocupa os cientistas
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Ainda não se sabe se as alterações do esperma podem levar a problemas congênitos, mas o achado preocupa os cientistas

Durante a análise, os pesquisadores averiguaram que o uso da maconha levou a alterações na metilação de 6640 CpGs, a sequência de dois dos quatro ácidos nucleicos presentes no DNA: a citocina e a guanina.

Para agravar mais ainda a situação, 3979 dessas sequências CpGs dos usuários apresentaram diferenças no processo de metilação do DNA de ao menos 10%, quando comparadas às de não-usuários.

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Como relata uma notícia da própria Duke a respeito do estudo, uma alteração nesse processo é alarmante porque ele é essencial para o desenvolvimento normal das células e do organismo.

Mesmo assim, o principal autor da pesquisa, o professor doutor em ciência comportamental Scott Kollins, foi cauteloso ao falar sobre os impactos da descoberta feita pelos esforços de sua equipe.

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"O que descobrimos é que os efeitos do uso da Cannabis sobre os homens e a sua saúde reprodutiva não são completamente nulos, ou seja, há algo na droga que afeta o perfil genético do esperma ", declarou, segundo a nota da Duke. O estudo também não descobriu se os problemas podem ser passados congenitamente, mas ainda assim o alerta para os homens a respeito do uso da maconha já foi dado.