Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos EUA, avaliaram 40 milhões de registros de nascimento entre 2007 e 2016 para chegar a essa conclusão
Um estudo da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, teve como objeto a paternidade tardia e concluiu que a idade avançada do pai pode ter efeitos negativos que vão desde um maior risco de parto prematuro a maiores chances de os filhos desenvolverem quadros de convulsão ao longo da vida.
A pesquisa avaliou mais de 40 milhões de registros de nascimentos entre os anos de 2007 e 2016 para chegar a um veredito sobre os riscos da paternidade tardia para as gestantes e os bebês e concluiu que a faixa etária de maior risco é a dos pais que têm filhos depois dos 45 anos de idade. Filhos de pais nessa faixa etária tinham 14% mais chances de nascerem prematuros e apresentavam um risco 18% maior de desenvolverem quadros de convulsão.
Mas não são apenas os filhos que sofrem os efeitos negativos: as parceiras de pais com mais de 45 anos apresentaram uma chance 34% maior de desenvolverem diabetes gestacional. Os cientistas ressaltam, no entanto, que apenas 13,2% dos casos de partos prematuros e só 18,2% dos casos de diabetes gestacional analisados durante a pesquisa podem ser de fato atribuídos a uma idade avançada do pai.
De acordo com os pesquisadores, esses problemas podem ser fruto das alterações epigenéticas que os espermatozóides sofrem com o passar do tempo, em especial no que diz respeito ao processo de metilação do DNA (que pode alterar a função das moléculas sem alterar a estrutura delas) e ao funcionamento das histonas, proteínas responsáveis por "empacotar" as moléculas de DNA nos núcleos celulares.
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Essa hipótese é verossímil porque, segundo a Maria Cecília Erthal, especialista em reprodução humana e diretora médica do Vida Centro de Fertilidade, "essas alterações podem ser passadas para os seus descendentes". Ou seja, quaisquer más formações nos espermatozóides podem ser transmitidas aos bebês - e o risco disso acontecer aumenta de maneira diretamente proporcional à idade do pai.
Além dos riscos apresentados, os cientistas também concluíram que, embora o problema não seja muito grande nos EUA atualmente - já que a parcela de pais com idade avançada é relativamente pequena -, as mudanças demográficas pelas quais o país tem passado podem levar a maiores complicações no futuro.
O que fazer para evitar problemas na paternidade
Embora o estudo seja um importante marco para promover a conscientização e a compreensão do problema, ainda não há muito que se possa fazer para combater os efeitos deletérios do tempo sobre a fertilidade masculina.
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Segundo a médica, a forma mais eficiente de se prevenir destes possíveis problemas continua a ser não adiar tanto a paternidade . Outra possibilidade é optar pelo congelamento de sêmen, uma prática semelhante ao congelamento de óvulos que as mulheres fazem.